Qual é a sua?

sábado, novembro 29, 2008

No metrô...


Outro
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dia
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no
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metrô
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descobri
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que
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a
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pressa
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.é
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inimiga
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.
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da
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paisagem
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domingo, novembro 09, 2008

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Poeta.

Poetisa:

Poetise!

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"Tease me"

com seus

versos.
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E na vitrola...

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Cantando na madrugada de domingo, para minha felicidade e orgulho dos vizinhos (a parte dos vizinhos é hipotética...).
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Guitar Man
Bread

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Who draws the crowd and plays so loud,
Baby it's the guitar man
Who's gonna steal the show, you know
Baby it's the guitar man
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He can make you laugh, he can make you cry
He will bring you down, then he'll get you high
Somethin' keeps him goin', miles and miles a day
To find another place to play
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Night after night who treats you right
Baby it's the guitar man
Who's on the radio, you go listen
To the guitar man
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Then he comes to town, and you see his face
And you think you might like to take his place
Somethin' keeps him driftin' miles and miles away
Searchin' for the songs to play
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Then you listen to the music and you like to sing along
You want to get the meaning out of each and ev'ry song
Then you find yourself a message and some words to call your own
And take them home
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He can make you love, he can get you high
He will bring you down, then he'll make you cry
Somethin' keeps him movin', but no one seems to know
What it is that makes him go
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Then the lights begin to flicker and the sound is getting dim
The voice begins to falter and the crowds are getting thin
But he never seems to notice he's just got to find
Another place to play (anyway got to play, anyway got to play)
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(Neither way got to play, neither way got to play)

Sobre a vírgula

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Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.
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Ela pode sumir com seu dinheiro.
23.4.
2,34.
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Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
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Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
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E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
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Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
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A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
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Uma vírgula muda tudo.
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Campanha dos 100 anos da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa)
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Lendo esta campanha me recordo de um texto que vive em minha memória desde a segunda série do ensino fundamental (e olha que faz tempo... ), sobre a importância da pontuação.
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Um homem muito rico, sentindo chegar a hora de sua morte, pede papel e caneta para dispor sobre seus bens, e assim o fez: "Deixo meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres".
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Já podemos ver a confusão que foi criada, pois cada interessado pontuou de forma a satisfazer a própria necessidade...
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Primeiro de tudo, assim que a "tia" passou essa história, fiquei perguntando que tipo de pessoa escreve tudo para depois pontuar, enfim, não obtive resposta. Mas hoje em dia, alguns anos depois, aprendi que não podemos duvidar de nada, principalmente da capacidade (ou falta de) que certas pessoas possuem para se expressar.
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Ainda hoje me pergunto pra quem o milionário deixou seus bens...

sábado, novembro 08, 2008

O que é diversão pra você?

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Tem gente que não troca um bom papo entre poucas pessoas por nenhum outro agito. Outros, ao contrário, querem mesmo é muita gente por perto.
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Tô 'falando' isso porque, no momento, 23h30min de sábado, 08 de novembro. Estou eu aqui no pc, fazendo um trabalho da facul e o msn ativo, só pra constar. De dois em dois minutos algum contato surge com a óbvia mensagem "Nossa, sábado à noite, o que você 'tá fazendo em casa?"... aff. Afinal, eles também não estão? E na música do Lulu Santos, onde todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, não quer dizer necessariamente que o que se espera esteja fora de sua casa, em baladas pra 'pegar as menininhas'...
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Sim, é bom sair com os amigos, relaxar, mas quem disse que também não conseguimos nos divertir em casa, reunindo esses mesmos amigos para um happy hour, momentos nostálgicos com jogos de tabuleiros, vendo um bom filme, batendo um papo bacana com uma música de fundo melhor ainda, enfim.
.Às vezes estamos em busca de um contato mais íntimo e próximo, em outras horas queremos a impessoalidade da multidão. Depende do momento que estamos, e do que fazer. O importante é o que nos dá prazer em termos de diversão.
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No mais, bom fim de semana a todos!
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segunda-feira, novembro 03, 2008

História da Carochinha


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Perguntei ao meu espelho:
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"Espelho, espelho meu, existe neste mundo alguém mais bonito do que eu?"
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E ele, que não sabe mentir, nada respondeu, mas até agora não parou de rir...
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domingo, outubro 12, 2008

Mon Animal

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Eu a vejo quase todas as manhãs. Não é exatamente bonita. Aliás ela é de uma feiura estranha como se carregasse uma boniteza espalhada em si, nos gestos e não nos traços exatamente. Não importa.Importa é que a vejo acompanhada perenemente pelo seu cão. Um pastor alemão com cara de bom companheiro. E o é. Eu vejo. Olha-a muito, encaixa seu focinho entre os joelhos dela, brinca com ela, gane querendo dengo. Ela também, essa minha vizinha de uns quarenta e vividos anos, brinca de não-solidão com esse cachorro específico; gosta dele, ri: Não Duque, assim não, deixa o moço, Duque, me espere. Não vá na minha frente assim, cuidado com o carro, menino. Ele a olha como quem agradece. E vão os dois, não em vão, pelas ruas de Copacabana sob o sol, felizes que só vendo. Eu vejo.
.Ela é camelô; nos encontramos no elevador e eu: - Vocês se divertem tanto, é tão bonito. - É, nos conhecemos na rua. Ele olhou pra mim bem nos meus olhos. Eu estava trabalhando. Vi logo que era um cão bem cuidado fisicamente mas faltava-lhe carinho. Deixei minhas bugigangas (ela vende coisas que querem imitar jóias antigas) por não sei quanto tempo e fiquei agachada na calçada na Avenida Nossa Senhora, só namorando ele. Decidimos que ele viveria comigo. Naturalmente. Tudo aconteceu "naturalmente", ela frisou, como se quisesse dissipar de mim qualquer sombra de suspeita de um possível roubo.
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Noutro dia no mesmo elevador, ela com seu carrinho de balangandãs, eu e Duque. O elevador apertado e ela continuou femininamente a conversa do último elevador nosso: Tenho certeza que ele é de câncer. É muito sensível. Só falta falar. Né Duque? ... ele não é lindo? Eu disse: Lindíssimo. E você que signo é? Ah, sou capricórnio mas com ascendente em câncer, combina sim.
.Eu vejo Duque lambendo as mãos dela, as magras mãos cujos dedos ela oferecia de propósito e distraidamente a imordida dele. Eu olho admirando receosa por conta dos afiados dentes dele. Quase não entendo de cães.
.- Ah, você tem medo... ô não ofenda ele; Duque entende pensamentos e não gostou do que você pensou. Jamais me morderia, jamais me trairia. Né Duque?
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Senti o pensamento de Duque latindo que jamais a trairia. Achei bonito. Chegamos. Tchau, bom trabalho. Tchau Duque.
.Fui para a rua pensando longamente nos dois. Depois pensei nos mistérios da astrologia e perdi o fio do meu pensamento. Ao final da tarde avistei pela janela Duque e Ângela indo ver o crepúsculo na praia. Depois vi os dois voltando sorridentes e caninos, sob a noite estrelada; ela com fitas de vídeo penduradas ao braço; sempre conversando com ele.
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Tenho inveja de Ângela. This is the truth. O animal que eu quero não mora comigo, não almoça mais comigo, não brinca mais, não me telefona, não me adivinha os pensamentos, não me acompanha ao crepúsculo, não gane querendo dengo, nossos signos parecem não mais combinar. O animal que quero, pensa demais e por isso não passeia mais comigo.
.E o pior: Não me lambe mais.
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por Elisa Lucinda

quinta-feira, setembro 25, 2008

TRÓIA: A HISTÓRIA, O MITO E O FILME

Não. Eu não estou maluca. Esse post aqui é somente para explicar a uma pessoa a influência mítica sobre o filme "Tróia". (Embora eu, particularmente ache que não passou de uma leeeeeeve influência. O filme dá uma ênfase maior no aspecto humano, deixando o mitológico em segundo plano). Bom, tá aqui o melhor que consegui. Vamos lá...
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TRÓIA: A HISTÓRIA, O MITO E O FILME
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A megaprodução cinematográfica Tróia, traz de volta a lendária história de amor, traição, honra, sangue, guerra, heróis e ruína.
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Tróia, uma civilização rica e próspera o suficiente para se defender de seus inimigos, mas que sucumbiu graças ao rapto da mais bela mulher do mundo, Helena, a obsessão de Agamenon por poder e a persistência do astuto herói grego Ulisses, que pacientemente arquitetou o plano do Cavalo de Tróia, o gigantesco animal de madeira que é oferecido como presente aos troianos.
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Essa conhecida narrativa sobre a Guerra de Tróia é considerada a mais lendária de todos os tempos. Sendo a referida guerra, a primeira da história do ocidente.
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Graças a Homero, considerado o pai da literatura ocidental, autor das primeiras obras literárias da antiga Grécia, a Ilíada e a Odisséia, temos a oportunidade de conhecer esta fabulosa lenda que apresenta relatos que podem ser verdadeiros.
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Tróia realmente existiu? Os antigos historiadores como Heródoto e Tucídides sempre acreditaram na Guerra de Tróia. Atualmente o arqueólogo alemão Manfred Korfmann, que desde 1982 está à frente dos trabalhos em Hissarlik, na Turquia, afirma ter encontrado as ruínas da cidade que era o centro comercial da Era do Bronze (leia mais em arqueologia).
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TRÓIA
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Cidade proto-histórica, famosa na literatura e na lenda, identificada com uma das noves cidades superpostas descobertas na colina de Hissarlik, no extremo noroeste da Anatólia, dominando o Helesponto (Estreito de Dardanelos, na costa noroeste da Turquia). Seu interesse arqueológico é sobrepujado pela sua importância literária. A guerra que lhe causou a destruição está narrada na Ilíada, os mais antigos poemas épicos do ocidente, escritos antes de 750 a.C. e que se atribui a Homero. Este poema foi o primeiro do Ciclo Troiano - nome tradicional do complexo conjunto de lendas relacionadas à conquista e destruição da cidade de Tróia (ou Ílion, daí o nome Ilíada) por uma coalizão dos povos helênicos que prolonga na Odisséia, também atribuído a Homero, mas de composição posterior; ressurge na Eneida, de Virgílio, que conta a viagem de Enéias, de Tróia à Itália, passando por Creta, pelo Epiro, pela Sicília, por Cartago e novamente pela Sicília; e através de poetas como Dictys Cretensis, pseudo-historiadores como Dares e do escritor bizantino Joannes Tzetzes, refloresce no Ocidente Medieval com o “Romance de Troe” de Benoit de Saint-More(1184).
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O MITO
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Paris, filho do Rei Príamo de Tróia, havia raptado a mais esplêndida mulher do mundo, a formosa Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Disposto a vingar o ultraje, este reúne todos os gregos num poderoso exército, cujo comando cabe a Agamenon, rei de Micenas e irmão mais velho de Menelau, no qual destacam-se os mais famosos heróis da época: o invulnerável Aquiles e o astucioso Ulisses (Odisseu para os gregos). A legião de Agamenon atravessa o mar Egeu com uma frota de mais de mil navios. O cerco a Tróia durará dez anos, sucedendo de parte a parte grandes feitos heróicos, até que os gregos, sob inspiração de Ulisses, constroem um gigantesco cavalo de madeira e o abandonam perto das portas de Tróia, fingindo uma retirada. Como consideram o cavalo um animal sagrado, os troianos recolhem o presente. Apesar dos pressentimentos de Cassandra (filha de Príamo), os troianos introduzem na cidade o gigantesco animal, que trazia oculto em seu ventre os guerreiros de Ulisses. Abertas as portas, os gregos investem, sendo Tróia completamente saqueada e destruída. Príamo é morto em seu altar, o bebê de Heitor é jogado da sacada da muralha e morto, e Cassandra é estuprada. O herói troiano Enéias, filho de Vênus, escapa com alguns partidários e depois de muitas aventuras se instalará no Lácio, dando origem ao povo Romano.
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ARQUEOLOGIA
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Heinrich Schiliemann, entre 1870-90, identificou o local da antiga Tróia com a colina de Hissarlik e ali descobriu sete cidades superpostas. Wilhelm Dörpfeld, que o auxiliava desde 1882, prosseguiu as escavações no período de 1893-94 e conseguiu reconhecer os restos de mais duas cidades. A existência destas nove cidades superpostas foi confirmada pelos cuidadosos estudos de Carl W. Blegen, americano da Universidade de Cincinnati, entre 1932-38, que nelas distinguiu 46 estratos construtivos agrupados em nove períodos. Tróia I, a mais antiga, é um pequeno recinto fortificado com menos de 50 m na parte mais larga, datada de 3000 a 2600 a.C., 1ª fase do Bronze Antigo. Tróia II, ainda bem pequena, fortificada, com uns 100 m de extensão máxima, seria mais um castelo, simples, porém rico; foi destruída pelo fogo cerca de 2300 a.C., nela foi descoberto um tesouro de jóias e objetos preciosos que Schilemann, pensando tratar-se da Tróia homérica, denominou tesouro de Príamo.
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Tróia III, IV e V foram pequenas cidades de mera importância local, entre 2300 a 1900 a.C. quando ali termina o Bronze Antigo. Tróia VI, já bem mais importante e rica, começa pouco antes de 1725 a.C., sendo destruída por um terremoto cerca de 1275 a.C. De suas ruínas, surge Tróia VII-a, a verdadeira Tróia épica, destruída por inimigos cerca de 1200 a.C. Tróia VIII é da época clássica da Grécia. Tróia IX pertence ao período helenístico-romano, quando Alexandre nela sacrifica a Aquiles, de quem julgava ser descendente; Lúcio Cipião, Sila, Augusto e Caracala entre outros, a protegeram e beneficiaram. A partir do séc. IV d.C. desapareceram completamente os vestígios históricos da cidade.
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É quase certo que a lenda possui um núcleo de verdade, mas é impossível provar-lhe a historicidade. A mais recente interpretação dos documentos hititas pertinentes (1957), favorece a hipótese de que os Ahhiyawa (Aqueus ? ) fossem um povo proto-grego vindo da Europa que, da região e na época de Tróia VI, tivesse enxameado pelo Egeu formando colônias de micenianos. Seria assim dessas colônias, que teriam partido os conquistadores de Tróia VII-a ? Mas, nessa época, as freqüentes migrações de povos tornam o problema insolúvel.
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O responsável por acabar com as dúvidas foi o alemão Manfred Korfmann, que comanda atualmente os trabalhos em Hissarlik. O arqueólogo, nos últimos 20 anos, reuniu inúmeras provas de que Schliemann estava certo. Hoje, poucos duvidam de que a localidade descoberta seja Tróia. Recentemente, Korfmann refutou mais um argumento da corrente de historiadores que ainda alimenta desconfianças em relação ao achado. É que em Ilíada, Homero retrata Tróia como sendo uma cidade portuária, a apenas a 600 metros de distância do mar. O problema é que Hissarlik fica a seis quilômetros da praia mais próxima. O argumento dos céticos caiu por terra depois que Korfmann realizou escavações em grandes profundidades e descobriu fósseis marinhos nos arredores, exatamente a uma distância aproximada de 600 metros de Tróia. Com isso, provou que o mar já estivera bem perto da cidade e, ao longo dos anos, recuou. Por sinal, este seria o motivo da decadência da nona Tróia, que havia perdido sua importância estratégica como cidade portuária do Mediterrâneo.
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O fato de Tróia ter realmente existido, entretanto, não significa que a cidade esteve envolvida numa guerra contra os gregos, pelo menos não num embate grandioso como o narrado por Homero. Tróia realmente era uma cidade fortificada, cercada por altas muralhas e trincheiras. Isto indica, acredita Korfmann, que houve a necessidade de se proteger de possíveis inimigos ao longo dos anos. Ossadas com indícios de morte violenta também foram achadas, o que contribui para confirmar a tese. Além disso, também foram descobertas pontas de lanças e flechas enterradas nos vãos das muralhas, o que indica que Tróia esteve sob ataque. Mas as evidências encontradas até o momento apontam para combates bem menores do que os descritos por Homero. E, possivelmente, tais enfrentamentos teriam sido motivados por interesses financeiros e não por ciúmes. Outro ponto que ajuda a embasar a idéia de que a Guerra de Tróia não aconteceu é a ausência de indícios arqueológicos dos regimentos gregos nas proximidades. Se eles realmente tivessem mantido um cerco de tão longa duração em volta de Tróia, teriam de haver resquícios arqueológicos de seus acampamentos nos contornos da cidade. Tais refugos, no entanto, nunca foram encontrados.
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HOMERO
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A Grécia é conhecida por ser um dos berços da civilização ocidental. Aos gregos são atribuídas realizações fabulosas nas áreas da filosofia, das artes plásticas, da literatura, da música, do teatro, da política, da ciência e da organização das cidades. Entretanto, a mitologia está entre as suas maiores contribuições e influencia toda a arte e a filosofia ocidentais, fornecendo-lhe os mitos e arquétipos básicos.
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As mais conhecidas narrativas da mitologia grega estão contidas nas duas grandes obras de Homero, a Ilíada e a Odisséia. A Ilíada é uma história de guerra e a Odisséia é uma história de viagens. Nela, Homero relata as aventuras de Odisseu (Ulisses) após a Guerra de Tróia. Durante dez anos o herói tenta retornar a Ítaca, seu reino, onde ansiosamente o aguardam o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Telêmaco; numerosas aventuras, porém, retardam sua volta.
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Homero era o último descendente de uma linhagem de poetas orais. Conta-se que a história da guerra de Tróia foi contada em forma de música épica sobre as grandes batalhas e heróis durante 500 anos até a invenção do alfabeto grego, sendo passada de geração em geração. Os textos da Ilíada são também os primeiros do alfabeto grego.
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Embora os antigos gregos atribuíssem a Homero a autoria da Ilíada e da Odisséia não há nenhuma evidência de que ele tenha existido realmente. Estudos recentes situam a data de composição por volta de 750 a.C., e o uso predominante do dialeto iônico sugere que seu autor era proveniente das ilhas do Egeu ou da costa da Ásia Menor. A lenda de que Homero era cego e analfabeto não tem, também, qualquer fundamento histórico.
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A ILÍADA
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O único registro da guerra de Tróia, conflito de proporções colossais encontra-se presente nos quase 16 mil versos da obra Ilíada. Trata-se de um relato tardio. Acredita-se que Homero – que viveu por volta do século VIII a. C.- tenha escrito cerca de 400 anos após a queda de Tróia. Como a história e seus personagens já eram, em seu tempo, bastante conhecidos, o poeta não oferece qualquer introdução ao conflito. O primeiro canto da Ilíada trata da rixa entre os dois maiores heróis gregos: Aquiles e Agamenon, já ao final do nono ano e, portanto quase no fim do combate.
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Fonte de inspiração para um sem-número de autores e poetas, o estilo de Homero é inconfundível. Dispostos em 24 cantos magníficos, os milhares de versos do poema são o testemunho de uma cultura de tradição oral. Heróis, deuses, sentimentos e idéias misturam-se em uma atmosfera mítica e instigante.
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Outro fato desconhecido do grande público e, mesmo polêmico entre os estudiosos, é o verdadeiro objetivo de Homero ter escrevido a Ilíada. O rapto de Helena pelo príncipe de Tróia, Páris, é apontado como o principal motivo da guerra, assim como a destruição da cidade de Ílion (nome original de Tróia), o seu desfecho. No entanto, o "olhar homérico" volta-se quase que exclusivamente para a ira do herói grego Aquiles.
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A ODISSÉIA
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A Odisséia foi composta provavelmente um pouco depois da Ilíada. O título do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido entre nós pelo nome romano, "Ulisses".A exemplo da Ilíada, a Odisséia se baseia em longa tradição oral e assumiu forma escrita somente no fim do século VI.A Odisséia, de Homero, expressa com força e beleza a grandiosidade da remota civilização grega. Datada provavelmente do século VIII a.C., quando os gregos, depois de um longo período sem dispor de um sistema de escrita, adotaram o alfabeto fenício. Na Odisséia repercute ainda o eco da guerra de Tróia, narrada na Ilíada.Ulisses, filho e sucessor de Laerte, rei de Ítaca e marido de Penélope, é um dos heróis favoritos de Homero e já aparece na Ilíada como um homem perspicaz, bom conselheiro e bravo guerreiro.
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A Odisséia narra as viagens e aventuras de Ulisses em duas etapas: a primeira compreende os acontecimentos que, em nove episódios sucessivos, afastam o herói de casa, forçado pelas dificuldades criadas pelo deus Posêidon. A segunda consta de mais nove episódios, que descrevem sua volta ao lar sob a proteção da deusa Atena. É também desenvolvido um tema secundário, o da vida na casa de Ulisses durante sua ausência, e o esforço da família para trazê-lo de volta a Ítaca.
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A Odisséia compõe-se de 24 cantos em verso hexâmetro (seis sílabas), e a ação se inicia dez anos depois da guerra de Tróia, em que Ulisses lutara ao lado dos gregos.
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É consenso na era moderna que a Odisséia completa a Ilíada como retrato da civilização grega, e juntas, as duas testemunham o gênio de Homero e estão entre os pontos mais altos atingidos pela poesia universal.
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AQUILES:
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Herói grego, filho de Peleu e da ninfa marinha Tétis. Relata o mito que Zeus ambicionara Tétis, mas ao saber que a nereida daria à luz a um filho superior ao pai, cedeu-a a um mortal. Como as Parcas (divindades que representavam o poder do destino) prognosticassem que o filho morreria cedo, Tétis mergulhou-o nas águas do Lago Estige para torná-lo invulnerável. Realmente, todo o corpo, exceto o calcanhar por onde o segurou, adquiriu invulnerabilidade. Aquiles se tornou um jovem belo e forte, o mais veloz nas corridas. Ao eclodir a Guerra de Tróia, temendo pela vida do filho, Tétis escondeu-o na corte de Licomedes, em Esciros, mas o ardiloso Ulisses, fingindo-se de mercador de jóias e armas, apresentou-se na referida corte.
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Sendo identificado, tal a sua experiência no manejo de armas, Aquiles marchou com os gregos sobre Tróia e tornou-se o mais famoso dos guerreiros. No décimo ano da luta, capturou a jovem Briseida, que lhe foi arrebatada por Agamenon, chefe supremo dos gregos. Aborrecido com essa afronta, retirou-se da guerra.
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Sentindo a falta de seu valioso auxílio, conseguiram os gregos persuadi-lo a ceder sua armadura e aos seus guerreiros, os mirmidões, ao seu amigo Pátroclo. Este, porém foi morto por Heitor, que se apoderou de sua armadura.
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Sedento de vingança, Aquiles reconcilia-se com Agamenon. De armadura e escudos novos, forjados por vulcano, retornou à luta, matou Heitor, o campeão de Tróia, filho primogênito do Rei Príamo, e arrastou o seu cadáver pela cidade, profanando o seu corpo e colocando-o em torno da sepultura do amigo. Quando o velho rei Príamo veio lhe pedir o corpo do filho, Aquiles, compadecido, atendeu ao seu pedido. Pouco depois, Apolo(deus grego das profecias, da medicina e da música, arqueiro-mestre e excelente corredor, filho de Zeus e Leto, filha de um titã) revela a Páris a fraqueza secreta do guerreiro Aquiles. Sabendo desse segredo, ele estica o arco e, com a mão guiada por Apolo, faz pontaria no calcanhar do herói aqueu. Atingido por uma flecha envenenada, Aquiles cai e morre.
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O FILME
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Uma guerra em nome do amor? Ou será que a traição da majestosa Helena com o seu amante Páris e a sua fuga é apenas um pretexto para o rei Agamenon de Micenas, Grécia, conquistar Tróia com o objetivo de expandir seu poder e riqueza?
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Tróia sempre foi cobiçada por seus inimigos. Rica e próspera, era o centro mercantil mais importante da época. Invejada por muitos reis ambiciosos. O duelo entre as duas importantes civilizações que aprendemos na escola, está ainda mais interessante exibido na grande tela.
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CURIOSIDADES:
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1. Agamênon, o vilão do filme por ser rei da Grécia e desafeto de Aquiles, é personagem de várias tragédias. Foi ele quem sacrificou sua filha Ifigênia para acalmar os mares na ida dos navios a Tróia. Quando voltou da guerra, foi assassinado pela esposa Clitemnestra (um nome quase pior que Briseida). Sua morte foi vingada por seus filhos Orestes e Electra. Tem uma trilogia inteira do Ésquilo falando disso. O Complexo de Electra, versão feminina do de Édipo, é referência a Agamênon e Electra.
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2. Heitor e Páris, príncipes de Tróia, foram apenas os dois filhos mais famosos entre os cinqüenta (é, eu disse 50) que Príamo teve. Príamo foi o último rei de Tróia.
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3. Páris foi outro que teve uma infância difícil. Foi abandonado ao nascer porque uma profecia dizia que ele seria responsável pela ruína de Tróia (bingo), e criado por pastores. Mais tarde Afrodite lhe prometeu o amor de Helena, e o rapaz, provavelmente influenciado por esta promessa, aproveitou uma missão de paz a Esparta e pumba, pegou a mulher do rei.
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4. Helena é a única filha mulher de Zeus e uma mortal, e a imortal é justamente Leda, aquela que Zeus disfarçado de ganso seduz ou estupra, dependendo da versão. Desde bem pequena, Helena passa a ser considerada a mulher mais linda da Terra. Tem quem jure que Helena foi raptada por Páris, não ido a Tróia de livre e espontânea vontade. Mas outras fontes contam que ela e Páris levaram uma fortuna do marido ao deixar Esparta, então... Mesmo assim, ao contrário do que mostra o filme, seu marido Menelau não morre em Tróia. Ele recupera Helena, a perdoa e a leva de volta pra Esparta.
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5. É o único filho de Aquiles quem mata Príamo, o rei de Tróia. Pouco depois ele se casa com a única filha de Helena e Menelau. E aproveita também pra se casar, ao mesmo tempo, com a viúva de Heitor.

terça-feira, setembro 16, 2008

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"Que você possa viver em tempos interessantes."
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-antiga praga chinesa
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domingo, maio 11, 2008

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Voltando, pensou encontrar tudo como antes e queria
refazer nos caminhos, as marcas das flores pisadas.
Sonhou um reencontro lindo, revivendo momentos intensos
de carinho.
Mas, encontrou apenas a desilusão, a mágoa contida,
a esperança cansada de promessas não cumpridas e
o desencanto pelos abraços castrados no espaço.
E chorou a felicidade perdida.
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O Disfarce

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Cansado da sua beleza angelical, o Anjo vivia ensaiando caretas diante do espelho. Até que conseguiu a obra-prima do horror. Veio, assim, dar uma volta pela Terra. E Lili, a primeira meninazinha que o avistou, põe-se a gritar da porta para dentro de casa: "Mamãe!Mamãe! Vem ver como o Frankenstein está bonito hoje!"
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O resto é resto

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Resolvi que não tenho mais problemas.
Eu os invento.
Portanto, nesse momento,

está desinventado
todo e qualquer constrangimento.
Anulada qualquer culpa.
Quebrado qualquer quebranto.
Nenhuma dúvida restará.
Inválida será qualquer dor.
De agora em diante,
simplesmente não entendo
o que não se explica
Não me confundem mais as palavras.
Volto a ser gente que só sente,
sinceramente.
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Partilhar

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Dividir as coisas com as pessoas pode ser muito bom, mas às vezes não é muito fácil. O banheiro, o trabalho, o quarto, ou mesmo a cama, o carro, o computador, etc., qualquer coisa que nos seja útil, ou importante e que queiramos organizar a nosso modo criam bons impasses se não administrarmos bem nosso egocentrismo. O jeito do outro sempre é o pior jeito de fazer as coisas... e por aí vai.
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eu só atraio gente esquisita
meus amigos são esquisitos
minha família é esquisita
meus médicos são esquisitos
eu não
eu sou uma gracinha
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Será que a morte resolve? Não quero que sofra dores físicas. Só quero que não exista mais, para eu não ter de esperar todo dia pelo dia de você voltar. É que há épocas em que estou lúcida e te odeio muito - cato o saco de motivos que me deu, e vasculho até lhe desejar o fim. Mas há outras em que me falha a memória e a saudade me traz você bom, adorável. Aí amo e amo e amo até me perder na ilusão. Só vou reaver-me dias depois, já de joelhos vasculhando o chão a procura de minha vida.
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Nessas horas, daria o senso de humor e um dedo mindinho para saber o que você anda pensando aí nas distâncias. Pensa na guerra do Iraque? Nos planetas não descobertos? Deseja aprender o chinês? Pensa em mim quando acorda? E quando vai dormir? Inventa casas para morarmos, planeja viagens pelo Tibet, escolhe veleiros para atravessarmos o Pacífico?
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Preciso tanto arrumar tempo para aprender a te querer menos, mas ando muito ocupada remendando um coração partido. É tarefa longa, não costuro bem. E longa é a avenida de clichês que se engarrafam no rush da minha cabeça. Amor burro.
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Às vezes me assolam desejos insanos. Quero subir no farol da praia e gritar seu nome bem alto. Quero pichar o Pão de Açúcar com versos apaixonados. Desejo plantar bandeiras de amor nos arranha-céus de Xangai e anseio por lavar o chão da rodoviária de São Paulo ou marchar sobre os cotovelos, se isso tornar possível nossa história impossível.
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E tem dias de decisões. Nenhuma lágrima mais, nenhum lamento! Plantarei um World Trade Center inatacável dentro do meu coração. Cavalgarei quatro luas no cavalo que você me deu para a noite engolir o escuro que há dentro de mim. Acenderei uma alameda de velas para te celebrar. no dia de teus anos, acompanhaa dos seres que amam sem medo, vou, em procissão, pedir à Mãe que te liberte para amar assim. Pedirei também que sua vida seja boa e feliz. E construirei uma capela na colina mais bonita, para lembrar a Deus que tenho esperanças. Sento ali e espero um milagre. E depois de 50 anos, se nada acontecer, morro eu, cansada por sofrer dores físicas a cada dia que meu corpo gritou pelo seu.
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E olha que eu só queria andar de mãos dadas e viver contente a seu lado.
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Seja Feliz no Dia das Mães!

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duplo ocaso
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passei a tarde olhando minha mãe
semi-adormecida
parece querer ir-se com o sol
que se põe.
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desiste a cada dia
mais e mais
desiste.
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(logo ela que tanto desafiou a vida...)
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triste ver que desiste
triste vê-la
triste.
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Pomo-de Adão

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a persuasão
entalada
na garganta
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sábado, maio 10, 2008

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Sua vida consistia numa busca sem fim
da felicidade
Mas, para ser feliz em seu mundo, não carecia de dinheiro.
Dólar, Real, Peso, nem outra moeda qualquer.
Sua felicidade se limitava no aconchego, no companheirismo,
na amizade sincera, sem cobranças.
Só queria um colo.
Não sabia do imenso colo contido dentro de si.
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quinta-feira, maio 08, 2008

Essa tal de tecnologia - Parte II

Uma pessoa que compra uma máquina moderna de processar alimentos sabe exatamente o que quer: livrar-se do incômodo e do aborrecimento de ter de fazer tudo manualmente. E o que fará em seguida, depois que o incômodo tiver sido contornado? Seria injusto, acreditamos, pensar que se utilize tal máquina apenas para atrofiar as próprias habilidades motoras. (Evidentemente já existem máquinas que ajudam a recuperar capacidades que outras máquinas nos fizeram perder, como as esteiras elétricas que permitem praticar um tipo de exercício físico que o automóvel ou mesmo os processadores de alimentos nos dispensam de praticar, mas isto seria outro assunto.) A idéia é que o tempo economizado seja empregado em atividades mais interessantes ou até mesmo em nenhuma atividade. Neste caso, poderíamos pensar, numa hipótese ruim, que os desenvolvedores de tecnologia estão mesmo empenhados em nos colocar de frente para o tédio da vida. Se não for isso, ajudando-nos a poupar tempo, ajudam-nos a poupá-lo para que o empreguemos naquelas ocupações que realmente importam – as quais, por certo, não se reduzirão apenas a utilizar outras máquinas ou a gozar das comodidades que só essas máquinas proporcionam. Como se nos dissessem: “Agora que pouparam tempo, aprendam a utilizá-lo em alguma coisa”, nos dão uma espécie de responsabilidade didática diante da vida que só mesmo quem aprendeu a ganhar tempo com um processador de alimentos saberá o que é. Fazem-nos compreender que, muito mais do que passar o tempo inteiramente ocupados, podemos passá-lo oscilando entre ocupações ou tentando descobrir quais aquelas que nos interessam e que por sua vez nos obrigarão depois a encontrar algum modo de poupar tempo para nos dedicarmos a elas.

Evidentemente, um indivíduo que tiver de enfrentar uma boa fila em alguma agência bancária terá bastante tempo para pensar em tudo isso, a não ser que esteja por demais ocupado realizando cálculos mentais ou falando a um telefone celular. Neste ponto, as inovações tecnológicas revelam um de seus aspectos peculiares. Ao mesmo tempo em que nos propõem a possibilidade de sairmos à caça de uma felicidade cuja promessa é sempre renovada a cada novo mecanismo, processo ou simples avanço técnico que se põe à nossa disposição nas prateleiras de uma loja, têm também a capacidade de elidi-la sutilmente, lançando-a para diante como um balão de ar que se torna mais difícil de pegar quanto maior e mais cheio vai ficando. Impondo um novo tipo de relação da consciência com o tempo, forçam-nos sobretudo a descobrir que esse tempo se tornou cada vez mais impalpável, mais fluido e escorregadio, e que sem dúvida precisamos de muitas máquinas para mantê-lo sob controle. Nos dias de hoje, não é somente a novidade que importa, ou o problema que venha a resolver, mas a nossa capacidade de nos adaptarmos a ela, de a introduzirmos em nossas vidas. Podemos ficar indiferentes? Quem já tiver alguma vez pensado nessa possibilidade – da indiferença – terá experimentado a seguinte sensação: a de que ficamos para trás, de que somos logrados, de algum modo, em nosso mais que humano direito de participar. Brincar com aquele jogo eletrônico, correr naquele carro ou assistir a um filme qualquer naquele aparelho de televisão – quem se pode privar de tudo isso sem um sentimento de logro? Como crianças soltas num parque de diversões, que querem subir em todos os brinquedos e ser atiradas de cá para lá até mesmo naqueles mais apavorantes, não podemos ficar inertes. A necessidade e a urgência de agarrar uma nesga de tempo estarão sempre em nossos calcanhares – e serão tão mais prementes quanto mais fluido e esquivo for aquilo que se quiser agarrar.

Não estamos a propor que o melhor seria voltar aos fichários manuais ou às velhas máquinas de escrever, como fazem os nostálgicos dos bons tempos, dos quais não há razão nenhuma para sentir saudades. A nostalgia aqui significaria apenas rendição, e se trata de caminhar para diante, com a testa erguida e os olhos fixos no futuro, sem temer as surpresas. Por que ter medo do que só veio para ajudar? Ora, muita gente pensaria que, dadas as desvantagens de um mundo cada vez mais infestado de máquinas, o melhor seria ficarmos onde estamos, sem desejarmos mais do que já temos. Os mais pessimistas até diriam que não está distante o tempo em que, saturados de maquinismos e processos, nos tornaremos tão ineptos e ineficazes que teremos de conceder a eles – aos maquinismos – título de cidadania e carteira de identidade. Isso é tema para filmes de ficção científica. De nossa parte, pensaríamos apenas que, se o que a tecnologia nos tira está numa proporção direta com aquilo que nos dá, o medo do futuro não é senão um subproduto, que muito bem poderia ser tratado com remédios e ansiolíticos. Afinal, não está aí um vasto campo para pesquisas e espetaculares inovações com as quais ainda sequer chegamos a sonhar?

Um futuro em que realmente se poderia viver não deveria se anunciado apenas por coisas como antidepressivos, mas deveria suprir nossas ansiedades, resolvendo para nós problemas até hoje insolucionados, como o de saber qual a proporção real que existe entre o tempo gasto numa ligação telefônica e o custo dela, ou por que as comodidades do correio eletrônico trouxeram em seu rastro a proliferação da propaganda espúria, dos vírus de computador e das mensagens anônimas. Isso nos ajudaria a compreender que o tempo que a tecnologia nos ajuda a poupar é, de fato, um tempo que poupamos e, não, apenas, uma mera ficção. E ficaríamos confortados em pensar que, no fim, todo esse esforço da paciência, dos nervos e do cérebro valeu a pena. Seria um futuro em que o entusiasmo pela novidade traria, de fato, algum benefício para quem sempre – e honestamente – se entusiasmou com ela e por ela torceu.

Essa tal de tecnologia - Parte I

Ninguém teria coragem de negar, hoje em dia, que os computadores são ferramentas de grande utilidade nas vidas das pessoas, mesmo daquelas que nunca viram um. E essa utilidade, ao que parece, não advém tanto dos serviços que eles prestam, mas dos que eles ainda podem vir a prestar, tais como resolver o transtorno das filas dos bancos ou dos supermercados, bem como outros transtornos que assombram a vida moderna e que, certamente, algumas cabeças já andarão por aí preocupadas em resolver. Se esses transtornos só existem porque existem os computadores ou qualquer outra coisa que necessite deles para funcionar, isso é assunto para muito bate-boca. Para os entusiastas, não haveria que discutir: qualquer que seja o futuro do mundo, ele surge de um chip eletrônico e atravessa uma fibra óptica. Entretanto, se olharmos de perto, veremos que não é tão simples assim. O próprio fato de que existam chips eletrônicos e fibras ópticas já é motivo de grande aborrecimento, e não só porque muita gente não sabe ainda o que é isso, mas porque um dia teremos de aprender ou, pelo menos, teremos de tropeçar neles – nos chips e nas fibras ópticas – em algum momento de nossas vidas, sendo os resultados de tal tropeção (que pode vir a ser uma cabeçada, a depender do modo como se tente passar) bastante imprevisíveis. Podemos imaginar, ao menos, que sobreviveremos ao confronto – se é que se trata de um?

Muita gente dorme tranqüila, calculando que, qualquer que seja a época em que tenhamos de nos haver com semelhantes maravilhas, essa época está distante o suficiente para ainda permitir uma boa noite de sono. Só aqueles que não podem ir para a cama sem antes terem resolvido em seus cérebros todas as questões – mesmo as que não têm solução – é que se preocupam. Para esses, o futuro (qualquer que seja ele) já está à porta, a bater e a pedir passagem, como se diz na linguagem da propaganda. Se os computadores existem – podemos pensar – e se existem pessoas que usam computadores, então alguma coisa de muito preocupante deve estar a caminho. Basta ir a um banco, para se ter uma idéia. Quem nunca teve oportunidade de ver alguém se atrapalhar todo diante de uma daquelas máquinas que os bancos deixam à disposição das pessoas, para que realizem tarefas de interesse pessoal que, antigamente, havia sempre um funcionário para realizar por elas? Então, pelo menos nesse setor, uma conclusão bastante exata se poderia tirar. Ali onde a tecnologia se insinuou para resolver um problema da vida diária, um novo problema surgiu. E as filas em que antigamente se tinha de gastar o tempo até que o funcionário consultasse fichários e fizesse anotações em papeletas hoje se transformaram em filas em que se tem de aguardar até que o funcionário digite imensos códigos diante de uma tela de computador, que parece capaz de prover tudo menos velocidade, acrescidas de filas em que se tem de aguardar até que as pessoas comecem a entender o que quer que seja a lógica das máquinas ou, o que é um triste consolo, até que desistam e cedam seu lugar ao próximo interessado. Em todos os casos, como em certas leis da ciência, o volume de problemas cresce numa proporção direta com o das soluções, num equilíbrio perfeito, enquanto continuamos a patinar (nós também) numa esperança feliz de que isso um dia venha a ser diferente.

Houve um tempo em que as coisas não eram assim. Viagens, por exemplo, fosse de uma cidade para a outra dentro de um mesmo país ou de um país para o país vizinho, tinham de ser feitas com paciência e planejadas com alguma antecipação. Usava-se até, para expressar o fastio e o longo desconforto dessas aventuras, a expressão “em lombo de cavalo”, que já dizia tudo a respeito de viajar naqueles tempos. Atravessar o país em lombo de cavalo (ou de outros bichos da mesma família) tomava o aspecto de uma experiência mística: quem se dispunha a fazê-lo precisaria ter consciência daquilo em que estava se metendo, porque uma vez começada a viagem tão cedo não haveria como terminá-la. Comparadas às facilidades atuais, essas verdadeiras jornadas (expressão que as define bem, embora imperfeitamente) chegam a nos parecer coisa de sonho. E mal podemos imaginar que, para conquistar os seus impérios, um César ou um Alexandre tiveram de o fazer em lombo de cavalo. De Roma aos cafundós da Gália, ou de Atenas às fímbrias do deserto da Mongólia? Não havia outro modo – e dizem que Gengis Khan até dormia sobre o lombo do seu. Eram tempos, também, em que a paciência parecia ser tanto maior e mais bem distribuída quanto maiores fossem as distâncias a atravessar, e ninguém jamais sonharia em ir de Londres a Constantinopla em menos de vinte e quatro horas. Vivia-se melhor dessa maneira? Provavelmente não, mas pelo menos havia mais tempo para apreciar a paisagem, o que não é possível nos nossos dias, a não ser muito imperfeitamente, espiando da janela de um avião ou de um automóvel, como quem procura a barraca de cebolas enquanto a feira vai sendo desmontada. Se antigamente, antes de percorrer os dois mil quilômetros que separam duas cidades, um indivíduo tinha de saber muito bem o que estava indo fazer em seu lugar de destino, hoje é possível sair pela manhã, não fazer nada lá ou mudar de idéia e ainda retornar para o almoço. Cresceram as vantagens? De certo modo, pelo menos neste aspecto, a tecnologia traz uma vantagem que ninguém negará: as facilidades de locomoção proporcionam mais tempo livre para quem viaja – tempo que pode ser empregado planejando outras viagens, conforme também acontece em outros setores da vida.

sábado, abril 26, 2008

...

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- Aproxime-se do precipício.
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- Não, vamos cair.
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- Aproxime-se do precipício.
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- Não, vamos cair.
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Eles se aproximaram do precipício.
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Ele a empurrou e eles voaram.
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Hiato Sentimental

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Hiato Sentimental
por B.B. King
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.Nobody loves me but my mother
And she could be jivin' too.
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E a ONU com isso

Judeus foram vítimas dos nazistas. Sem direito a espaço, culto e exercício de sua cidadania, foram dizimados. Hoje, vemos palestinos sendo reprimidos por judeus, sem direito ao seu espaço, religião, ou vida própria. Entre os próprios palestinos, confinados, assistimos a atos de barbárie contra dissidentes e civis judeus. O algoz utiliza seu passado de vítima para com isso justificar suas atitudes. Grotesca e absurda inversão...
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Hoje em dia, além de órgãos oficiais de duvidosa eficiência, existem muitas organizações não-governamentais, lutando contra as guerras. De uma forma simplificada, podemos dizer que as guerras existem pela incapacidade do ser humano de lidar com as diferenças: de raça, crenças, ideologias, etc.
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A história do mundo é o resumo daquilo que poderia ter sido evitado.

Profecias

por Kristian Wilson, Nintendo Inc., 1989
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Jogos de computador não afetam crianças. Quer dizer, se o Pac Man tivesse nos afetado quando éramos pequenos, estaríamos todos correndo em salas escuras, mastigando pílulas mágicas e escutando músicas eletrônicas repetitivas.

Relato Sobre a Obrigação de Ser Feliz

Tinha uma praça que vocês podem imaginar à vontade, numa cidade como a nossa.
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Tinha um casal de velhos sentado no banco da praça.
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Tinha um cronista sem assunto, olhando o casal de velhos pelo binóculo, na janela de um prédio, debruçado sobre a praça.
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Tinha uma vontade de ser feliz no ar da tarde.
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Pois era uma tarde de sexta-feira. Não sei se vocês já sentiram, a obrigação de ser feliz que vem embrulhada nas tardes de sexta-feira. É como uma imposição: quem não for estupidamente feliz, entre num bar e beba um vermute com amendoim e se embriague como nos doces tempos de outrora. Mas acontece que o cronista estava só no apartamento. um homem só não pode ser feliz. De maneira que o cronista sem assunto fixou bem o binóculo no casal de velhos e ficou olhando.
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Informo, a quem interessar possa, que o cronista tem o vício de ficar olhando o mundo através do binóculo. Aconteceu uma vez que ele descobriu uma moça trsite na janela de um prédio vizinho ao seu, quando morava em Lourdes. Toda noite, ficava olhando certa moça. Fazia poemas para alegrar a moça. A qual, diga-se em nome da verdade, nunca tomou conhecimento dos versos do rapaz. Uma noite, o cronista reuniu os amigos seresteiros e decidiu cantar debaixo da janela da moça triste.
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Pobre cronista: enquanto seu amigo dedilhava o violão, ele cantava com uma voz tão terrível que acordou patos, morcegos, gatinhas e perus, nos quintais da vizinhança, numa época que ainda havia casas e quintais em nossa amada cidade e galos cantando. Nosso seresteiro cantava evocando a lua e a madrugada quando, lá do alto do prédio, começou a cair toda sorte de coisas, misturadas aos palavrões. Até que caiu, num frasco de plástico, alguma coisa quente e adocicada exatamente da janela da moça a quem oferecia a seresta.
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Como é inocente a alma dos apaixonados. O seresteiro improvisado, depois que juntamente com o amigo teve que fugir e pedir asilo debaixo de uma providencial marquise, onde mendigos dormiam o sono dos justos, jurava que o líquido morno era um licor espanhol. Encurtando conversa: depois do sucedido, a moça triste surgiu na janela vestida de noiva. Sabe-se que casou com um primo e foi infeliz para sempre, se é que isso não é intriga da oposição.
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Mas a vida e esta crônica tem que continuar. Por isso, convém voltar à cena inicial: um cronista sem assunto observa pelo binóculo um casal de velhos sentados no banco da praça. O velho usa terno e gravata. Tem os cabelos brancos e os olhos são claros e ele segura as mãos da velha senhora. Que, por sua vez, também tem cabelos brancos. Falta dizer que havia um jardim na praça. E, de repente, o velho deixou o banco, andou alguns passos, apanhou uma rosa vermelha no jardim e entregou-a à mulher.
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Ah, vocês precisavam ver a alegria da velha senhora. Ela recebeu a rosa vermelha e beijou-a. Lá de sua janela, o cronista sem assunto, olhando pelo binóculo, sentiu uma alegria jamais sentida. E teve certeza de que, por mais que a guerra e a violência, em todo mundo, apontem suas armas da morte, numa praça de Belo horizonte, que é apenas um pequeno ponto negro no mapa da América do Sul, uma rosa exercia um poder maior. E o cronista sentiu vontade de escrever um manifesto conclamando os senhores da guerra a cederem ao encanto de uma flor. Mas pensou que o tempo das flores, que era o tempo dos hippies, tinha passado.
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Guardou o binóculo, desceu no elevador, foi ao bar da esquina e pediu um vermute com amendoim.

Urgência

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Amar como se fosse a primeira
ou última vez.
Amar como se não fosse
nem a primeira nem a última vez.
Amar como se fosse a vez do meio.
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A Diferença Entre Cães e Gatos

Um cachorro pensa: "Ei, essas pessoas com quem vivo me alimentam, me dão um lugar quente e seco para morar, me paparicam, me amam e tomam conta de mim... Elas devem ser deuses!" Um gato pensa: "Ei, essas pessoas com quem vivo me alimentam, me dão um lugar quente e seco para morar, me paparicam, me amam e tomam conta de mim. Eu devo ser Deus!"

sexta-feira, abril 25, 2008

Que Presente Te Dar

por Afonso Romano de Sant'Anna
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Que presente te dar, eu que tanto quero e pouco dou, porque mesquinho, egoísta, distraído não te cumulo daquilo que deveria cumular?
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Deveria desatar inúmeros presentes ao pé da árvore, entreabrindo jóias, tecidos requintados e pessoais objetos, ou deveria dar-te não o que posso buscar lá fora, mas o que, em mim, está fechado e mal sei desembrulhar?
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Gostaria de dar-te coisas naturais, feitas com a mão como fazem os camponeses, os artesãos, como faz a mulher que ama e prepara o Natal com seus dedos e receitas, adornos e atenções.
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Te dar, talvez, um pedaço de praia primitiva, como aquelas do Nordeste ou de antigamente - Búzios e Cabo Frio; um pedaço de mar das ilhas do Caribe, onde a água e o mar são transparentes e onde a areia é fina e brilhante e, sozinhos, habitam a eternidade e os amantes.
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Te dar um verso de canção um dia ouvida não sei mais onde, se numa tarde de chuva, se entre os lençóis cansados; um verso, uma canção ou talvez o puro som de um saxofone ao fim do dia, som que tem qualquer ciusa de promessa e melancolia.
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Fugir uma tarde contigo para os motéis, quando todos os homens se perdem nos papéis e esccritórios, números e tensões; fugir contigo para uma tarde assim, um espaço de amor entreaberto na peça que nos pega a burocracia dos gestos.
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Gravar numa fita as canções que me fazem lembrar de ti e ouví-las, ou tocar de algum modo em algum gravador as frases que em mim gravaste, frases líricas, precisas, que quando estou cinza, relembro e me iluminam.
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Te enviar todos os cartões que coleciono, de todos os lugares que conheço ou que tu nem imaginas; ir a essas paisagens e ilhas e habitá-las com palavras de intermitente paixão.
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Dar-te aquela casa de campo entre as montanhas, aquele amor entre a neblina, aquele espaço fora do mundo, fora dos outros espaços, sem telefone, sem estranhas ligações, para ali nos ligarmos um no outro em una e dupla solidão.
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Se queres jóias, te darei. Aqueles corais que vendem na Ponte Vecchia, em Florença; o âmbar ou as pérolas que expõem nas lojas do Havaí; aquelas pedras de vidro para iridescentes colares, que vendem em Atenas, ao pé da Plaka, ao pé da Acrópole, que amorosa nos contempla.
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Te dar uma viagem aos castelos do Loire, e sair comendo e rindo juntos no roteiro gastronômico franco italiano, ali comendo e aqueles vinhos bebendo, de tudo nos esquecendo, sobretudo dos remorsos tropicais de quem tem sempre ao lado um faminto desesperado de culpa nos ferindo.
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Te darei flores. Sempre planejei fazer isto. Tão simples: de manhã acordar displiscente e começar a colher flores sob a cama. Ir tirando buquês de rosas, margaridas, vasos de íris, orquídeas que estão desabrochando e uma a uma, de flores ir te cumulando. E amanhecendo dirás: o amado hoje está mel puro, seu amor aflorou e está me perfumando.
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Escrever bilhetes pela casa inteira, metê-los entre roupas, armários, prateleiras, para que na minha ausência comeces a descobrir recados daquele que nunca se ausentou, embora esse ar de quem vive partindo, mas se alguma vez partiu, partido foi para reunido regressar.
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Te dar um gesto simples. Passar a mão de repente sobre sua mão, como se apalpa a vida ou fruto que pode ser colhido.
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Te dar um olhar, não com aquele ar distraído, alienado de quem está de costas prosaicas perdido, mas um olhar de quem chegou inteiro e que se entrega enternecido e desamparado dizendo: olha, sou teu, agora veja lá o que vai fazer comigo.

Ice Kiss - Canção de Rua

De dia vende Mentex
na encruzilhada avenida
à noite fazendo sexo
desde os onze
Magrelinha
vendendo chiclete
à noite boquete
na contra mão
sexo inseguro
atrás dos muros
o dia atropela
uma pomba.
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Ontem foi dia do jovem trabalhador (tem dia pra tudo mesmo). Outro dia passou uma reportagem sobre um menino de 11 anos que entrou numa agência de empregos, queria um trabalho para ajudar os pais. Não fosse o desemprego e os baixos salários, nenhuma criança gostaria de trocar suas brincadeiras por trabalho. Diante dessa esculhambação econômica, porém, a opção reduz-se a trabalhar ou passar fome... Todo mundo reclama da violência, mas por mais que criem-se programas do governo, não existem empregos pra um terço dos jovens que entra no mercado de trabalho. O que será que esperam que essa galera vá fazer???

Individualidade

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Cada um com seu gosto, suas manias,
suas loucuras, e achando o outro esquisito.

Divagações

Quando dois canais de comunicação dizem coisas opostas, rola o duplo vínculo. O resultado, pra quem aplica, é poder. Pra quem recebe, é confusão, paralisia: ama ou não ama, tudo bem ou desastre? Para a 'antipsiquiatria', é a origem da loucura [o.Õ]. Será que alguém entendeu o que eu quis dizer...?
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Interromper a pontuação da sequência de eventos leva à sensação de maldade ou loucura. Bom, é que tô pensando nesses motivos - ou ausência deles - que às vezes nos fazem perder contato com certas pessoas... Imagine: eu escrevo uma carta desabafando para um amigo. Ele, emocionado, me responde com outra longa carta, e esta perde-se no correio. Eu fico aqui pirando no porquê dele não responder, ele lá cabreiro por eu não comentar sua resposta. Boa parte dos desentendimentos tem origem na interrupção ou má interpretação de sequências.
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