De pernas pro ar, Luxúria no toca-discos, constato: SOU A PESSOA QUE MAIS COME ORÉGANO NESTE PLANETA.
Estar sozinha traz à tona muitas descobertas: pergunto e exijo resposta das paredes, consumo leite desnatado à beça, na minha geladeira não falta leite, leite, leite, o chão merece pano úmido e não tolero portas abertas.
Um pouco mais profundo?
Ok. Arrumo a cama diariamente - jeito leve de manter a sensação de que tem alguém cuidando de mim.
Fiz amigos, bons amigos, aliás. Lúcio faz os consertos da casa e sempre sugere um casamento urgente - viver sozinho é muito triste, moça, e as noites ficam grandes! 'Seu' Chiquinho, proprietário do imóvel, responsável pelo boa noite e bom dia - diariamente recebidos com um sorriso. Vizinha amigável com seu diálogo climático: Está frio hoje, hein?!
O colchão fica na sala, aberto - dá a sensação de que ali, no cômodo ao lado, quem sabe... esbarre nesse ou naquela.
Danço pelada, canto baixinho, coloco o caderno no chão, compro flores, questiono a porra da administração municipal, instalo o computador, torço a meia branca... Constato: ando emocionalmente masturbada.
Não entra ninguém, não empresto as chaves, não espero companhia - coloco o colchão na sala e me faço visitas constantes. Senta, entra, fica à vontade. Às vezes consigo, noutras tenho a sensação de que jamais serei capaz de preencher um quarto / sala.
Simplesmente, porque tem dias em que não me basto.
2 comentários:
Muito Bom! Gostei da expressão "emocionalmente masturbada".
Saber morar sozinho é excelente, saber aproveitar momentos de solidão, sem necessariamente se sentir sozinho no mundo, saber que sua companhia é excelente.
O problema é que as vezes se desaprende a morar sozinho rapidamente, e para aprender demora um bom tempo...
Não deixa de ser verdade, Dentão.
A questão é saber dosar os momentos de solidão, independente de estar sozinha ou não, com os momentos de socialização.
Ao escrever o post, foquei muito no "eu" e minhas sensações ao longo dessa experiência, mas com os amigos que tenho, aqui em casa 'tá virando mais ponto de reunião da turma que qualquer outra coisa.
Isso sim, transforma o 'morar sozinha' em uma experiência única.
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